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Introdução
O jogo Manifold Garden do estúdio William Chyr, disponível para PC e consoles, é uma experiência de quebra-cabeças interativa extremamente bela e emocionante. Na obra o jogador controla um personagem sem nome e sem forma, que anda por um mundo vasto e não euclidiano e deve resolver quebra-cabeças envolvendo cores e cubos, enquanto altera a orientação da gravidade ao se mover entre as paredes do cenário. Neste site de resenha, eu irei descrever a minha experiência ao jogá-lo e dar as minhas opiniões sobre a obra como um todo.
Antes de tudo, devo pontuar que essa não é a análise mais bem estudada de todas, o autor – Henrique – é um mero jovem que terminou o jogo em cerca de 7 horas e quis ter um motivo para falar sobre ele. De qualquer forma, aproveite o texto.

Primeiras impressões e aprendizado
A princípio, o jogo é extremamente bonito. A direção de arte já é exibida de maneira estonteante no menu do jogo e me deixou imerso logo de início.
Já o começo da obra é um pouco confuso, a mecânica de troca de eixo gravitacional me deixou um pouco perdido mas logo virou uma segunda natureza. Depois, é apresentado a partir dos primeiros puzzles uma rede de estruturas vastas e imponentes que me deixaram maravilhado e, ao encontrar o salão da queda livre com o cubo, o jogo me conquistou.
Os puzzles iniciais da experiência são até que bem desafiadores e me fizeram ter que pensar em maneiras criativas de manipular os cubos e a gravidade, eu diria que o puzzle da árvore vermelha com os cubos azuis me fez ganhar 50mg de massa cefálica só de tanto que eu tive que pensar nele.


No geral, a fase inicial do tutorial é muito bem feita e logo ao final te deixa com um ar de curiosidade com oque vem pelo resto do jogo, com uma das construções gráficas mais impressionantes que eu já vi.
Level Desig e Exploração

Manifold é o tipo de jogo que dá muita liberdade para transitar pelo cenário que não é muito fechado. Entretanto, isso às vezes me deixou meio perdido em algumas partes por conta da vastidão dos mapas. Mas tirando isso, creio que a liberdade dada ao jogador para cair e voltar repetidamente na mesma ambientação agrega muito para a experiência visual e artística que esse jogo causa. Sim, você não leu errado, quando você cai em queda livre de uma construção do jogo, você volta por cima como se nada tivesse acontecido, dando a sensação de que os cenários são infinitos e nunca acabam.
Ademais, um dos momentos mais impactantes na exploração foi a forma com que o jogo te faz transitar de áreas sem você perceber. Basta passar por uma única porta sutil e simples que tudo se transforma e o jogador é transportado para outro mapa completamente diferente, te deixando impressionado na maior moda CJ – “Oh shit, here we go again”.
Dificuldade e Progressão
O jogo tem uma progressão não muito linear em questão de dificuldade. Muitas das vezes, eu achei puzzles ou muito fáceis ou muito difíceis no decorrer do jogo e logo após o tutorial. De qualquer forma todos eles são muito bem elaborados e divertidos de se resolver, cumprindo seu papel lúdico na obra.
Como qualquer jogo de quebra-cabeças, a frustração sempre ocorre quando ficamos presos em uma parte específica. Entretanto, quando finalmente conseguimos resolver o desafio e avançar, a satisfação é inigualável e com Manifold, não é diferente.

A jornada principal do jogo se baseia em resolver uma série de puzzles em seções de mapas específicos até conseguir o cubo especial de cada área. Como o jogo gira em torno das cores dos eixos vermelho, azul, amarelo, verde, roxo e laranja, tem-se que o jogador deve resolver os desafios das áreas com os cubos únicos de cada cor da paleta principal. Dessa forma, eu devo dizer que o senso de progressão é muito bem definido por essas seções separadas do jogo que, com um toque de beleza visual gráfica – que já é extraordinário –, o jogo recompensa o jogador com um quadro geométrico que aparece na tela toda vez que você termina uma área, esses que variam de acordo com a área que você terminou.
Estética e Trilha Sonora
Se já não ficou claro, eu amei a estética desse jogo. O modo minimalista de representar o cenário com as cores e as estruturas geométricas super bem elaboradas, cativam qualquer apreciador de arte que se preze. Por certo, o modo como todo o jogo é modelado e o seu design deixam a experiência muito mais cativante do que qualquer outro jogo semelhante por aí. Ademais, o uso das cores de forma minimalista é bem pensado e o jogo inteiro segue um tom de branco meio-bege durante boa parte da experiência, e uma das coisas que notei é o uso de um filtro de imagem que gera um degradê suave entre vermelho e ciano no topo e na parte de baixo da tela, respectivamente.

O uso das cores também é um fator chave, todas as cores padrão – com padrão eu digo, as que o jogo deixa como tal para pessoas não daltônicas, visto que existe essa opção nas configurações para alterá-las – casam-se muito bem com as composições e ajudam a guiar o jogador.
Sobre a trilha sonora, a artista Laryssa Okada, faz um bom trabalho em criar sons minimalistas, bem imersivos e cativantes durante a jogatina. Inclusive, enquanto eu escrevo essa resenha o álbum da trilha sonora original do jogo está a tocar no meu Spotify.
Narrativa e Interpretação
A narrativa de Manifold Garden é mais abstrata, o jogo nunca te diz ou indica sobre o que é o mundo ao seu redor ou quem é você nele, eu creio que essa seja uma característica da obra que a deixa com uma proposta semelhante a de olhar para uma pintura de museu – o que na minha opinião, define o jogo em muitos aspectos.

O jogo não me passou um significado muito claro, além de ser uma experiência agradável aos olhos em quase toda a sua trajetória, Manifold não passou muito para mim uma sensação de “ter algo além da tela”, algo que, talvez, eu deva pesquisar um pouco mais para entender melhor. De qualquer forma, a experiência é perfeitamente aberta a interpretações no que ela se propõe como forma de arte, mas pela minha experiência, eu não consegui absorver nada.
A Percepção do Espaço e da Realidade
O jogo inúmeras vezes desafia a lógica da física e da percepção da realidade como conhecemos. Existem momentos em que o jogador passa por diversos portais que não parecem ser feitos em uma engine de video-game, dando uma impressão surreal – algo que, provavelmente, foi inspirado pela série Portal da Valve, em que os portais são extremamente imersivos e estonteantes.

A repetição incessante da ambientação nos mapas do jogo é algo extremamente único e hipnotizante, os sons da queda livre me lembraram o som de um chuveiro, quase que um convite para viajar nos meus pensamentos durante a experiência. Essa mecânica é algo tão único e tão bem feito que nem pareceu que eu estava jogando um video-game, parecia mais um sonho de tão surreal.
Ainda falando sobre o espaço, é inegável que a construção de cenários do jogo é extremamente bela e bem-feita. Eu até disse a um amigo meu que, é como se a cada 10 metros de caminhada houvesse um ângulo para se tirar uma captura de tela, e então fazer dela seu wallpaper do seu sistema operacional. É de tirar o fôlego. Sem dúvida, isso também é fruto dos detalhes colocados em cada cenário do jogo e a estrutura geométrica dos prédios sem fim é muito bem elaborada.
Conclusão
Em suma, Manifold Garden é uma obra excepcional. Única, cativante e bela, que deixou memórias que nunca esquecerei.
Sobre se vale a pena jogar, eu diria que sim, vale. Caso você seja um amante de puzzles ou só de belas composições visuais, essa experiência é para você. O jogo é muito bem otimizado e consegue rodar até em computadores mais datados.
Desse modo, espero que tenha gostado do texto e que meu ponto de vista tenha te entretido nesses parágrafos todos. Muito obrigado, e tenha um bom dia!
- Henryttwoshoes